"Quanto mais você dá, mais recebe": o empreendedorismo ético de Nav Sawhney

O fundador do The Washing Machine Project foi nosso convidado na última TalkX desta edição do Explorer: sua visão ética sobre empreendedorismo é essencial para entender como seu projeto pode mudar a vida de milhares de pessoas.

Para Nav Sawhney, fundador do The Washing Machine Project e membro do Santander X 100, são 3 am (sim, exatamente, às 3h da madrugada) quando começa a TalkX, já que ele está na Austrália neste momento. Apesar da hora, ele não quer perder a oportunidade de transmitir sua paixão por uma forma de empreendedorismo distante do convencional, mas que combina perfeitamente com o que buscamos no Explorer: ideias alinhadas com os ODS 2030 e que, portanto, melhorem a vida das pessoas. Sawhney sabe muito sobre isso.

Este engenheiro deixou seu trabalho na Dyson e decidiu passar um tempo fazendo trabalho voluntário. Ele viu como crianças pequenas pulavam aulas, perdiam oportunidades de educação, ao ir lavar as roupas de sua casa à mão. Ele conheceu a vida de sua vizinha e percebeu o esforço que essa tarefa “doméstica” exigia. Assim nasceu, como explicamos aqui, um projeto de enorme importância social: “Como empreendedor, tenho a missão de tentar melhorar as coisas, não deixá-las como estavam há 100 anos“, explica Nav, destacando que esta será uma grande responsabilidade que recairá sobre as próximas gerações.

No entanto, ele mesmo explicou que colocar uma ideia como essa em prática é complicado. “O processo de escalonamento é muito lento“, entre outras coisas, porque leva tempo para fabricar cada uma dessas lavadoras simples que podem facilitar a vida nas comunidades desfavorecidas. Obviamente, outro dos maiores obstáculos que enfrentou foi conseguir que o projeto fosse levado a sério. Felizmente, “o LinkedIn é uma ferramenta muito poderosa, as pessoas querem conhecer a história da nossa jornada. A melhor maneira de apresentar uma ideia a investidores é contá-la no LinkedIn, em forma de blog, para que os interessados possam se informar“, aconselhou.

A humildade e a simplicidade também ajudaram muito: “Usar a simplicidade para explicar o problema é importante para obter apoio e criar conexões. Sempre devemos cuidar dessas conexões: cada pessoa tem habilidades diferentes e lhe dará informações muito valiosas“, acrescentou.

Entre os primeiros contatos usados para expor o projeto, testar e coletar feedback estão, logicamente, seus amigos e sua família, que muito provavelmente se tornarão seus clientes iniciais. Inclusive, alguns deles podem se tornar parte da ideia: “Minha mãe sempre diz que não devemos privar ninguém da oportunidade de se sentir útil na vida […]. Empreender é um esporte em equipe; encontre as qualidades que podem complementar umas às outras e vocês construirão, juntos, algo maior“, afirma.

Em uma TalkX como esta, não poderia faltar um tema recorrente: o fracasso. E, como todos os nossos convidados até agora, Nav repetiu algo que qualquer empreendedor deve se lembrar: “Tente falhar o mais rápido possível, porque é isso que o levará ao sucesso”, lembrou. Para isso,“é vital ter uma solução rápida para o problema que você identificou, para que possa testá-lo e obter feedback rapidamente, além de falhar (de forma saudável) se necessário. Pergunte-se sempre: ‘O que é realmente necessário?’”, explicou.

Após a palestra, uma vintena de Explorers selecionados compartilharam uma sessão privada de perguntas e respostas com Nav, que se interessou pelos projetos de todos os afortunados. Entre as dúvidas, um dos assistentes quis saber até que ponto seria recomendável acessar uma aceleradora e nosso convidado resumiu os prós e contras de forma simples: “Elas consomem muito tempo e recursos, mas você faz muito networking (David Harrison, brilhante host da palestra, apontou aqui a importância de fazer parte de uma comunidade para começar esse networking e, acima de tudo, aprender)”, respondeu.

No entanto, talvez a questão que melhor resume toda a TalkX e seu significado tenha sido formulada minutos antes deste Q&A exclusivo, quando o próprio Harrison quis saber o que o The Washing Machine Project havia aportado a Nav. “Eu acordo todos os dias sabendo que tenho um propósito, que tenho o potencial de ajudar milhões de pessoas no mundo”, respondeu nosso protagonista sem hesitar. Afinal, como ele próprio havia afirmado minutos antes, “quanto mais você dá, mais recebe“.